Mostrando postagens com marcador História. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador História. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 17 de abril de 2020

COMO SE FAZIA PARA ILUMINAR AS NOITES QUANDO NÃO HAVIA ENERGIA ELÉTRICA?








Séculos antes da invenção da primeira lâmpada, antes mesmo da chegada dos portugueses, os povos indígenas que habitavam o território que hoje chamamos de Brasil, utilizavam a luz do fogo e a claridade da Lua como forma de iluminar suas noites. Além das fogueiras, não existe vestígios de outra forma de iluminação artificial no Brasil pré-cabralino. O fogo era importante não apenas para proporcionar iluminação, mas também era um importante recurso para espantar animais selvagens, cozinhar alimentos e fornecer calor nas noites mais frias. O fogo também era sagrado para muitos grupos, sendo utilizado em cerimonias tradicionais e práticas religiosas.


O missionário e escritor francês Jean de Léry (1534-1611) que junto com o almirante Villegagnon participou da invasão do Rio de Janeiro em 1557, deixou-nos uma vívida narrativa sobre o emprego do fogo pelos índios brasileiros:

São os selvagens muito amigos do fogo e não pousam em nenhum lugar sem acendê-lo, principalmente à noite, pois temem então ser surpreendidos por Ayugnan, o espírito maligno, que, como já disse, amiúde os espanca e atormenta. (LÉRY, 1980, p. 303)

Com os colonizadores europeus chegam ao Brasil algumas formas de iluminação que já há muito tempo eram utilizadas no velho mundo, mas que se constituíam uma novidade para os nativos da América, como foi o caso das lamparinas, candeeiros e as velas. Tais recursos funcionam à base de ceras e óleos vegetais ou animal.  O óleo de oliva era um dos mais utilizados, mas, como era fabricado somente na Europa, tinha altos custos, tornando sua utilização exclusiva da elite colonial. De acordo com Ana Aver (2013), com o alto custo do óleo de oliva, rapidamente ele foi substituído por outros óleos fabricados no Brasil, como o óleo de coco e principalmente o de mamona (conhecido também como carrapateira).

 Posteriormente, surgiu óleos derivados de gordura animal (principalmente de baleias) e foram fabricadas velas feitas de gorduras e de cera de abelha (produtos que em razão do alto preço, também não eram utilizados nas residências da população pobre).

Já no Brasil Oitocentista, é interessante destacar que nesta época popularizam-se os combustíveis fósseis. Estes combustíveis – que mais tarde se tornariam fundamentais para muitos  aspectos da vida nos séculos XX e XXI – tiveram seu primeiro uso comercial girando em torno da luz.  As novas lâmpadas á base destes combustíveis (cujo principal era o querosene), possuíam claridade muito maior do que qualquer vela jamais fora antes e tinham um valor muito mais acessível.

Acerca destas, cada vez mais populares lâmpadas, o historiador norte-americano Steven Johnsson (2015), autor de importantes pesquisas sobre o impacto histórico da tecnologia no cotidiano, afirma que sua popularização impactou a civilização nas mais variadas áreas, inclusive no que diz respeito à informação e a imprensa: “seu brilho mais intenso incentivou a publicação de revistas e jornais da segunda metade do século XIX, já que as horas escuras depois do trabalho tornaram-se cada vez mais compatíveis com a leitura”.

 Coincidentemente, nesse período de crescente iluminação, surgiram vários jornais de influência no Brasil oitocentista, como o carioca Diário do Rio de Janeiro (1808); o pernambucano Diário de Pernambuco (1825); e os paraibanos Jornal da Parahyba (1885) e A União (1891).

 É interessante observar, que por outro lado, tais lâmpadas também provocaram explosões literais: milhares de pessoas morriam a cada ano por incêndios originados nas luzes de leitura.  Apesar dos avanços, a luz artificial ainda era algo muito limitado, e hábitos como ler depois do anoitecer ainda era sinônimo de luxo.

Outro historiador norte-americano, Roger Ekirch, destaca que até o século XIX, as noites eram tão opressivas que os cientistas agora acreditam que até mesmo nossos antigos padrões de sono diferiam radicalmente comparados aos padrões atuais sob influência da onipresente iluminação noturna. Em 2001, Ekirch publicou um estudo notável, inspirado em centenas de diários e manuais de instrução, argumentando, de forma convincente, que:
“Historicamente os seres humanos dividiram suas longas noites em dois períodos de sono distintos. Quando a noite caía, eles adormeciam para um “primeiro sono”, despertando após quatro horas para fazer um lanche, fazer suas necessidades fisiológicas, ter relações sexuais ou conversar junto ao fogo, antes de voltar para mais quatro horas de “segundo sono”.(Apud, Johnson, 2015, p.113)

Ekirch, em sua obra mais conhecida “At Day’s Close”,  argumenta que os avanços tecnológicos relacionados a iluminação artificial a partir do século XIX interrompeu esse antigo ritmo, abrindo-se toda uma série de atividades modernas que podiam ser realizadas depois do pôr do sol, variando de teatros e restaurantes até o trabalho nas fábricas.  Após anos de investigação Ekirch defende que o processo de um único bloco de oito horas de sono contínuo, que é o mais comum entre os citadinos do século XXI,  foi desenvolvido por costumes do século XIX, em adaptação a uma drástica mudança no ambiente iluminado dos assentamentos humanos.

Referências Bibliográficas:

EKIRCH, Roger. At Day's Close: Night in Times Past. New York: W. W. Norton & Company, 2006.
FURTADO, Peter. 1001 Dias que Abalaram o Mundo. Rio de Janeiro: Sextante, 2009.
JOHNSON, Steven. Como chegamos até aqui: A história das inovações que fizeram a vida moderna possível. São Paulo, Zahar, 2015.

LÉRY, Jean de. Viagem à terra do Brasil. São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo. 1980.

O texto acima é parte da monografia apresentada ao Curso de Licenciatura Plena em História, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal da Paraíba, intitulada  "A CHEGADA DA ENERGIA ELÉTRICA NA CAPITAL PARAIBANA E SEU IMPACTO NO COTIDIANO DA POPULAÇÃO",  de autoria de HELTON DE ASSIS FREITAS, editor deste blog.

sábado, 29 de julho de 2017

Três mitos sobre a cidade de João Pessoa que a maioria dos paraibanos acreditam


O turista que visita a capital paraibana, com certeza escutará alguém (provavelmente um guia) afirmando "João Pessoa é terceira capital mais antiga do Brasil!". Não só os guias falam isso: existe de fato uma crença muito forte entre a população local, de que tal afirmação é verídica. Aliás, até mesmo uma grande parte da imprensa local ajuda a difundir essa ideia, especialmente quando se aproximam as comemorações do aniversário da cidade.  

Não só é fácil escutar que João Pessoa é a terceira capital mais antiga de nosso país: sem dificuldade podemos ler ou escutar aqui ou acolá que "Jampa" é a terceira cidade (isso mesmo, a terceira cidade!) mais antiga do Brasil.  

Muito comum também, é escutarmos que João Pessoa é a segunda cidade mais verde do mundo, ficando atrás somente da capital francesa, Paris.

Pois bem.  Questionar e checar as informações e versões dos fatos não faz mal a ninguém. Sendo assim vejamos:

1. João Pessoa seria de fato a terceira capital mais antiga do Brasil?

Neste ano de 2017, comemora-se 432 anos de história da capital paraibana, fundada em 5 de agosto de 1585 pelos colonizadores portugueses, e,  batizada como "Cidade Real de Nossa Senhora das Neves".

Mas, entre as capitais dos estados brasileiros, algumas (não somente duas!) são mais antigas do que João Pessoa:  Recife foi fundada em 1537, Salvador em 1549 e Vitória em 1551. Ou seja, aqui já percebemos que a capital do Espirito Santo já ocupa o verdadeiro terceiro lugar. 

Mas não paramos por aí: 

São Paulo foi fundada em 1554 e o Rio de Janeiro em 1565. Ou seja, a capital da Paraíba na realidade fica no sexto lugar deste ranking.

2. João Pessoa seria a terceira cidade mais antiga do Brasil?

Se a capital paraibana não é sequer a terceira capital mais antiga do Brasil, como pode ser a terceira cidade mais antiga do país? 

Se levarmos em consideração não só as capitais, como também as cidades no geral, veremos que João Pessoa passa muito longe desta ideia tão difundida.

Muitas outras cidades continuamente habitadas foram fundadas entre 1500 e 1585, como é o caso de São Vicente (1532), as cidades pernambucanas de Igarassu e Olinda (1535), e as cidades Espírito-Santenses de Vila Velha (1535) e São Mateus (1544). 

3. João Pessoa seria de fato a segunda cidade mais verde do mundo?

Eis aí outro mito bastante difundido entre os paraibanos. De fato, em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (ECO-92), João Pessoa recebeu o título de "segunda cidade mais verde do mundo". Entretanto as coisas mudaram já faz algum tempo: Vários estudos e órgãos  especializados no assunto (ao exemplo do site Green571, da revista britânica The Economist e do Green City Index) apontam que entre as cidades mais verdes do mundo estão Vancouver (Canadá), Malmö (Suécia) e Reykjavik (Islândia). Entre as cidades brasileiras, o destaque fica para capital paranaense, Curitiba, que   possui cerca de 580 metros quadrados de espaços verdes para cada habitante. 


Profº Helton de Assis 
Graduado em História (UFPB) e Teologia (FAENOR)









segunda-feira, 21 de setembro de 2015

CIENTISTAS DE DEUS




Em muitos círculos acadêmicos existe um forte preconceito para com a relação dos cristãos devotos e a ciência. Há, inclusive, quem afirme que um bom cientista não pode ter crenças religiosas. Infelizmente, ainda é comum se escutar frases como  “Fé e ciência são duas coisas antagônicas”, “A ciência é algo para os fortes, fé é para os fracos”, “A fé atrapalha o desenvolvimento da ciência”. Mas a verdade é que falas desse tipo não passam de convencionalismo verbalizado.

Se observarmos a história da ciência moderna, detectaremos que a maioria dos cientistas famosos acreditavam em Deus, e boa parte eram fervorosos defensores da fé cristã.

Entre os próprios fundadores da ciência moderna muitos cristãos devotos podem ser encontrados. Vejamos alguns nomes:

Blaise Pascal (1623-1662). Filósofo e matemático, foi o pai da ciência hidrostática e um dos fundadores da hidrodinâmica. Sua conversão se deu aos 31 anos de idade, enquanto lia a sós em seu quarto a oração sacerdotal de Jesus (João 17) . Na mesma ocasião, ele registrou essa experiência em um pedaço de pergaminho. Supõe-se que Pascal tenha carregado esse fragmento na roupa durante toda sua vida. Depois de sua conversão, o ainda jovem matemático dedicou-se devotamente ao Senhor, mas sem jamais precisar colocar a ciência de lado.

Certa vez Newton disse
 "As leis da natureza,
nada mais são do que os
pensamentos matemáticos de Deus."
Robert Boyle (1627-1691). Foi o pai da química moderna, crente humilde, estudioso da Bíblia e de grande visão missionária. Dava grandes contribuições financeiras em favor da propagação do Evangelho de Cristo ao redor do mundo.

- Isaac Newton (1642-1717). É considerado pelos principais círculos acadêmicos como o maior cientista de todos os tempos. Entre suas contribuições  à ciência, podemos destacar a lei da gravitação universal e as três leis do movimento que tornaram possíveis as disciplinas da dinâmica e de todas as suas subdivisões. Puritano, leu centenas de livros de teologia e por muito tempo prestou  serviços na capela do Trinity Colege.  “Ele encarava o aprendizado como uma forma de obsessão, uma busca a serviço de Deus”, afirma James Gleick, autor de uma das mais conhecidas biografias sobre esse gênio.


Mesmo após o impacto do Iluminismo sobre a relação dos estudiosos com a fé, muitos cientistas cristãos surgiram trazendo contribuições fundamentais para a ciência contemporânea.  Durante os séculos XIX e XX, muitos desses gênios se destacaram. Entre eles:

Michael Faraday ao lado
 de um experimento
Gregor Mendel (1822-1844). Conhecido como pai da genética. Suas principais pesquisas resultaram no que hoje conhecemos como “leis de Mendel”. Foi clérigo agostiniano.

William Mitchell Ramsay (1851-1939). Arqueólogo escocês. Foi o primeiro professor de arqueologia clássica na Universidade de Oxford. Sua contribuição para o estudo da arqueologia lhe rendeu nove títulos de doutorado honoris causa. Seus extensos estudos arqueológicos e históricos convenceram-no da exatidão histórica do Novo Testamento.  Sua obra contribuiu muito para os estudos da Bíblia.

Michael Faraday(1791-1867). Foi um cientista inglês, considerado como um dos pilares da história da física e da química. Suas descobertas proporcionaram enormes saltos no campo do eletromagnetismo. Faraday era presbítero em sua congregação.

Em pleno século XXI, inúmeros cristãos tem se destacado nos maios variados campos da ciência.
Com a virada do milênio muitos críticos afirmaram que a partir dali a religião iria perder cada vez mais adeptos e que a tecnologia iria ocupar paulatinamente o lugar da fé. Contudo, ao chegarmos na segunda década do século XXI, percebemos que a religião ainda permanece forte na grande maioria dos países. É claro que em algumas partes do globo o agnosticismo e o ateísmo ganharam muita força nos últimos anos (como por exemplo nos países do norte da Europa). Contudo o contrário vem ocorrendo em outras partes do mundo, basta ver o grande crescimento do cristianismo na China e no sul da África onde o cristianismo tem se multiplicado de forma surpreendente.

Atualmente, temos muitos importantes intelectuais cristãos, atuando nos mais variados campos do saber. Podemos destacar:

Francis Collins


Este influente geneticista americano  ficou conhecido mundialmente ao dirigir o histórico Projeto Genoma. Aos 27 anos abandonou o ceticismo e tornou-se cristão. Collins já foi muito criticado por colegas cientistas que não acreditavam que fé e ciência poderiam andar juntas Em resposta a isso, em 2006 ele lançou o livro "A linguagem de Deus" que se tornou um best seller mundial. De igual modo ele fundou a organização BioLogos, que contribui com a conciliação da ciência com a fé nos meios acadêmicos.

Francis Collins

Willian Lane Craig

Craig é um dos mais conhecidos filosofos da atualidade. Desenvolveu notáveis argumentos acerca da Filosofia do Tempo e Filosofia da Religião. Lecionou em importantes universidades da Europa e da América do Norte e já participou de muitos debates com pensadores ateistas como Richard Dawkins e Christopher Hitchen. Craig escreveu importantes livros na área de teologia e apologética cristã.

Ben Carson

Carson é um importante neorocirurgião americano, responsável por grandes descobertas em sua área, como novas  técnicas de separação de bebês siameses. Seu legado lhe rendeu muitos prêmios, como a Medalha Presidencial da Liberdade, que foi entregue pelo então presidente americano George W Bush Em 2009 a história de Carson ganhou os cinemas através do filme "Mãos Talentosas".




Helton de Assis Freitas
Setembro de 2015

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

A ARQUEOLOGIA E A BÍBLIA

Rodrigo P. Silva
Texto extraído de http://novotempo.com/evidencias 

















Das muitas definições dadas à Bíblia, é provável que uma das mais interessantes tenha sido a de Gerald Wheeler que definiu a inspiração como “Deus falando com sotaque humano”. De fato, a Bíblia é a Palavra do Altíssimo entrando em nossa história e participando ativamente dela.
Logo, seria interessante lembrar que as Escrituras Sagradas não nasceram num vácuo histórico. Elas possuem um contexto cultural que as antecede e envolve. Suas épocas, seus costumes e sua língua podem parecer estranhos a nós que vivemos num tempo e geografia bem distantes daqueles fantásticos acontecimentos, mesmo assim são importantíssimos para um entendimento saudável da mensagem que elas contêm.
Como poderíamos, então, voltar a esse passado escriturístico? Afinal, máquinas do tempo não existem e idéias fictícias seriam de pouco valor nesta jornada. A solução talvez esteja numa das mais brilhantes ciências dos últimos tempos: a Arqueologia do Antigo Oriente Médio.
Usada com prudência e exatidão, a Arqueologia poderá ser uma grande ferramenta de estudo não apenas para contextualizar corretamente determinadas passagens da Bíblia, mas também para confirmar a historicidade do seu relato. É claro que não poderemos com a pá do arqueólogo provar doutrinas como a divindade de Cristo ou o Juízo final de Deus sobre os homens. Esses são elementos que demandam fé da parte do leitor. Contudo, é possível – através dos achados – verificar se as histórias da Bíblia realmente aconteceram ou se tudo não passou de uma lenda. Aí, fica óbvio o axioma filosófico: se a história bíblica é real, a teologia que se assenta sobre essa história também o será. Talvez seja por isso que ao invés de inspirar a produção de um manual de Teologia, Deus soprou aos profetas a idéia de escreverem um livro de histórias que confirmassem a ação divina em meio aos acontecimentos da humanidade.
Como tudo começou







Dizer exatamentequando começou a arqueologia bíblica não é tarefa fácil. Na verdade, desde os primeiros séculos da era cristã já havia pessoas que se aventuravam na arte de tirar da terra tesouros relacionados à história da Bíblia Sagrada. Helena, a mãe de Constantino, foi uma dessas “pioneiras” que numa peregrinação à Terra Santa demarcou com igrejas vários locais sagrados onde supunham ter ocorrido algum evento especial. Muitos destes locais servem até hoje de ponto turístico no Oriente Médio.
As técnicas porém desses primeiros empreendimentos eram bastante duvidosas e o fervor piedoso levava as pessoas a verem coisas que na verdade nem existiam. Aparições de santos, sonhos e impressões eram o suficiente para demarcar um local como sendo o exato lugar da crucifixão ou do nascimento de Cristo.
Mas a partir do final do século XIII, a arqueologia das Terras Bíblicas começou finalmente a ter ares de maior rigor científico. A descoberta acidental da Pedra de Roseta, ocorrida em 1798, levou vários especialistas a se interessarem pela história do Egito, da Mesopotâmia e da Palestina, descobrindo um passado que há muito se tinha por perdido.
Babilônia, Nínive, Ur e Jericó foram apenas algumas das muitas localidades que começaram a ser escavadas revelando importantes aspectos da narrativa bíblica. Para os críticos que na ocasião levantavam argumentos racionalistas contra a Palavra de Deus, os novos achados representavam um grande problema, pois desmentiam seus arrazoados confirmando vários elementos do Antigo e do Novo Testamento.
Um exemplo pode ser visto no próprio ceticismo com que encaravam a existência de uma cidade chamada Babilônia. Muitos pensavam que tal reino jamais existira. Era apenas o fruto mitológico da mente de antigos escritores como Heródoto e os profetas canônicos. Até que, finalmente, suas ruínas foram desenterradas em 1899 pelo explorador alemão Robert Koldewey, que demorou pelo menos 14 anos para escavar as suas estruturas.
Mais tarde veio a descoberta de várias inscrições cuneiformes que revelaram o nome de pelo menos dois personagens mencionados no livro de Daniel, cuja historicidade também tinha sido questionada pelos céticos. O primeiro foi Nabucodonosor, o rei do sonho esquecido e o segundo, Belsazar que viu sua sentença de morte escrita com letras de fogo nas paredes de seu palácio.
Contribuições adicionais
Além de ajudar tremendamente na confirmação de episódios descritos na Bíblia, a arqueologia presta um grande serviço ao estudo elucidativo de determinadas passagens. Graças a ela, é possível reconhecer o porquê de alguns comportamentos estranhos à nossa cultura. É o caso de Raquel roubando deliberadamente os “ídolos do lar” que pertenciam a Labão, seu pai (Gn 31:34). Aparentemente o delito parecia ter um fim religioso, mas antigos códigos de lei sumerianos revelaram que naquela época a posse de pequenos ídolos do lar (comumente chamados de Terafim) era o certificado de propriedade que alguém precisava para firmar-se dono de uma terra. Caso os ídolos fossem parar nas mãos de outra pessoa, essa se tornava automaticamente a proprietária dos terrenos que eles demarcavam. Por serem pequenos, poderiam facilmente ser roubados e cabia ao dono o cuidado de guardá-los para não ser lesado. Foi portanto num descuido de Labão que Raquel roubou seus ídolos (ou seja suas escrituras) com o fim de entregá-los posteriormente a Jacó, e fazer dele o novo senhor daquelas terras. Tratava-se, portanto, de uma tentativa de indenização do esposo pelo engano que o levou a sete anos extras de trabalho nas terras de seu pai.
Várias palavras e expressões antigas também tiveram seu significado esclarecido pelo trabalho da arqueologia. O nome de Moisés, que certamente não era de origem hebraica pode ter sua explicação na raiz do verbo egípcio ms-n que significa “nascer ou nascido de”. Não é por menos que muitos faraós e nobres da corte egípcia tinham o seu apelido formado pela junção desse verbo e do nome de uma divindade. Por exemplo: Ahmose (“nascido de Ah, o deus da lua”); Ramose (“nascido de Rá, o deus sol”), Thutmose (“nascido de Thot, outra forma do deus da lua”). É possível que Moisés (ou em Egípcio Mose) também tivesse originalmente o nome de um deus local acoplado ao seu próprio nome. Talvez fosse Hapimose (o deus do Nilo) uma vez que, de acordo com Êxodo 2:10, a rainha escolheu chamá-lo assim, porque das águas do Nilo o havia tirado.
Uma embaraçosa situação entre Jesus e um discípulo também pode ser esclarecida pela arqueologia. Trata-se do episódio descrito em Lucas 9:59, onde o Senhor aparentemente nega a um jovem que queria seguir-lhe o direito de sepultar o seu próprio pai. Olhando pela cultura moderna ocidental, dá-se a impressão que o pai do moço estava morto em um velório e que ele estaria pedindo apenas algumas “horas” a Cristo para que pudesse seguir o féretro e, logo em seguida, partir com o Senhor. Um pedido, a princípio, bastante justo para não ser atendido!
Mas as dificuldades se esvaem quando entendemos pelo resgate arqueológico que, naquela época (e também hoje, nalguns idiomas como o árabe e o siríaco), a expressão “sepultar o meu pai” seria um idiomatismo que nem de longe indicava que seu pai houvesse recentemente morrido! Tanto o é que o episódio se dá “caminho fora” (Lc. 9:57). Se o pai do jovem houvesse morrido o que estaria ele fazendo à beira da estrada? Na verdade, essa expressão idiomática significava que o pai estava sadio e feliz e que seu filho prometia sair de casa apenas depois que ele morresse.
Ademais, segundo o costume oriental, quando o pai morria, o filho mais velho ficava encarregado do seu sepultamento, mas esse também não ocorria imediatamente após a sua morte. Primeiramente o corpo era banhado, perfumado e envolvido num lençol para ser depositado numa gruta tumular onde ficava deitado sobre uma cama de pedra por um ano ou mais até que a carne houvesse completamente sido decomposta restando apenas os ossos. Então, nesse dia, o filho retirava a ossada de seu pai, colocando-a delicadamente num pequeno caixão de pedra (conhecido como ossuário) e, somente aí, tinha-se finalmente completado o “sepultamento”, isto é, vários meses após a morte do indivíduo.
Com esse pano de fundo trazido dos estudos arqueológicos o diálogo de Jesus com aquele jovem passa a ter outra dimensão. Esclarece-se a questão e torna o texto mais compreensivo e agradável de se ler.
È curioso como a Bíblia – evidentemente usando uma figura de linguagem – descreve a teimosia do rei do Egito com a idéia de que Deus endureceu (literalmente “petrificou”) o coração de Faraó. O estudo das línguas orientais mostra que Deus muitas vezes é colocado como autor daquilo que Ele na verdade apenas tolera. É um limite do idioma e nada mais. Nós também temos as mesmas limitações em nossa língua pátria: quando dizemos a alguém “vá com Deus” ou “que o Senhor te acompanhe” não estamos com isso negando a onipresença do Altíssimo como se Ele precisasse “ir” a um lugar onde já não estivesse. Também não estamos de maneira nenhuma nos matando quando dizemos: “Estou morto (isto é, cansado)!”
A idéia de um faraó de coração duro pode ser ainda mais esclarecida se atentarmos para o fato de que o estudo de várias múmias revelou o estranho costume egípcio de colocar dentro do corpo mumificado um escaravelho de pedra bem no lugar do coração. Esse amuleto servia ao defunto como uma espécie de salvo conduto no juízo final perante Osíris. Um coração normal (que era pesado na balança da deusa Ma’at) poderia denunciar os seus pecados fazendo-o perder um lugar no paraíso. Mas um coração de pedra, enganaria os deuses. Ocultaria os erros que ele cometeu garantindo-lhe o paraíso, mesmo que houvesse levado uma vida de constantes pecados. Ter, portanto, um coração duro (ou “de pedra”) era para Faraó a certeza de uma salvação forjada à custa do engano dos deuses! Daí a forma irônica e eufemística de dizer: “Deus endureceu o coração de faraó”.

Arqueologia do Antigo Testamento
Estes são alguns dos principais achados alusivos ao Antigo Testamento:
1 – Leis mesopotâmicas – uma coleção de várias leis datadas do terceiro e segundo milênios antes de Cristo que ilustram em muitos detalhes o período patriarcal. O conhecido código de Hamurabi (c. 1750 a.C.) é uma delas.
2 – Papiro de Ipwer – trata-se da oração sacerdotal de um certo egípcio chamado Ipwer que reclama junto ao deus Horus as desgraças que assolavam o Egito. Entre elas ele menciona o Nilo se tornando em sangue, a escuridão cobrindo a terra, os animais morrendo no pasto e outros elementos que lembram muito de perto as pragas mencionadas no Êxodo.
3 – Estela de Merneptah – uma coluna comemorativa escrita por volta de 1207 a.C. que conta as conquistas militares do faraó Merneptah. É a mais antiga menção do nome “Israel” fora da Bíblia. Alguns céticos insistem em negar a história dos Juízes dizendo que Israel não existia como nação naqueles dias. Porém, a Estela de Merneptah desmente essa afirmação ao mencionar Israel entre os inimigos do Egito.
4 – Textos de Balaão – fragmentos de escrita aramaica foram encontrados em Tell Deir Allá (provavelmente a cidade bíblica de Sucote). Juntos eles trazem um episódio na vida de “Balaão filho de Beor” – o mesmo Balaão de Números 22. Os textos ainda descreviam uma de suas visões, indicando que os cananitas mantiveram lembrança desse profeta.
5 – Estela de Tel Dã – outra placa comemorativa, desta vez da conquista militar da Síria sobre a região de Dã. Encontrada em meio aos escombros do sítio arqueológico, a inscrição trazia de modo bem legível a expressão “casa de Davi” que poderia ser uma referência ao templo ou à família real. Porém o mais importante é que mencionava pela primeira vez fora da Bíblia o nome de Davi, indicando que este fora um personagem real.
6 – Obelisco negro e prisma de Taylor – Estes artefatos mostram duas derrotas militares de Israel. O primeiro traz o desenho do rei Jeú prostrado diante de Salmanazar III oferecendo tributo e o segundo descreve o cerco de Senaqueribe a Jerusalém, citando textualmente o confinamento do rei Ezequias.
7 – Inscrição de Siloé –  encontrada acidentalmente por algumas crianças que nadavam no tanque de Siloé, essa antiga inscrição hebraica marca a comemoração do término do túnel construído pelo rei Hezequias, conforme o relato de II Crônicas 32:2-4.
Arqueologia do Novo Testamento
Estes são alguns dos principais achados alusivos ao Novo Testamento:
1 – Ossuários de Caifás e (possivelmente) Tiago irmão de Jesus – Alguns ossuários costumavam trazer uma inscrição com o nome da pessoa que estaria ali. Sendo assim, dois ossuários chamaram a atenção dos arqueólogos. O primeiro foi encontrado em 1990 e legitimado como sendo do mesmo Caifás mencionado em Mateus 26 e João 18. Já o segundo, cuja autenticidade é disputada entre os especialistas, pertenceria a Tiago, um dos irmãos de Jesus conforme o texto de Mateus 13:55. Caso se demonstre verdadeiro, este ossuário será a mais antiga menção do nome de Jesus que temos notícia.
2 – O esqueleto do crucificado – Um outro ossuário encontrado em 1968 revelou a ossada de um certo Yehohanan (“João” em aramaico) que morrera crucificado. Seu calcanhar ainda trazia um pedaço torcido do prego romano. Esse foi o único exemplar de um crucificado de que temos notícia. Graças ao seu estudo foi possível levantar importantes detalhes sobre os modos de crucifixão usados no tempo de Cristo.
3 – Inscrição de Pilatos – Uma placa comemorativa encontrada em Cesaréia Marítima no ano de 1962 revelou o nome de Pilatos como prefeito da Judéia. Antes disso, sua existência histórica era questionada pelos céticos.
4 – Cafarnaum – A cidade onde Jesus morou foi escavada e preservada para visitação. Ali é possível se ver os restos de uma sinagoga e uma igreja bizantinas que foram respectivamente construídas sobre a sinagoga dos dias de Jesus e a casa de Pedro, o líder dos doze apóstolos.
Qumran e os Manuscritos do Mar Morto
Um isolado sítio arqueológico foi acidentalmente descoberto por um garoto beduíno em 1947, nas redondezas do Mar Morto junto ao deserto da Judéia. Ali podem ser vistas as ruínas de Khirbet Qumran onde, segundo a opinião de muitos, viveram os antigos essênios, uma facção religiosa judaica que rompera com o partido sacerdotal de Jerusalém.
Mas o achado do garoto foi ainda mais surpreendente. Ele descobriu numa das grutas locais antigas cópias do Antigo Testamento e outros livros judaicos que estavam guardados por quase dois mil anos.
Juntos esses manuscritos (advindos de pelo menos 11 cavernas) formavam uma enorme biblioteca de textos inteiros ou fragmentados que contextualizam o judaísmo dos dias de Cristo. E mais, ajudam a estabelecer a confiança na transmissão texto bíblico, uma vez que não possuímos nenhum dos originais que saíram das mãos dos profetas.
Ocorre que, até ao achado dos manuscritos do Mar Morto, as cópias hebraicas mais antigas da Bíblia datavam do século 10 d.C., ou seja, mais de mil anos depois da produção do último livro vétero-testamentário. E que certeza teríamos, além da fé, de que não houve alterações substanciais no texto? Sendo assim, o achado de Qumran foi bastante providencial pois proveu-nos de cópias da Bíblia Hebraica que datavam de até 250 a.C..
Quando essas cópias foram comparadas ao texto hebraico massorético (aquele tardio sobre o qual baseavam-se as traduções modernas) demonstrou-se claramente que elas confirmavam a fidedignidade da versão que possuíamos. Se a Bíblia tivesse sido drasticamente alterada ao longo dos séculos, os Manuscritos do Mar Morto demonstrariam isso pois, afinal, foram produzidos antes mesmo do surgimento do cristianismo.
O achado de Qumran, pois, constitui a maior descoberta bíblica de todos os tempos.
Conclusão
Certa vez ao entrar glorioso em Jerusalém, Jesus declarou em meio à multidão que ainda que os filhos se calassem, as próprias pedras clamariam (Lc 19:40). Por que não poderíamos ver na arqueologia um cumprimento destas palavras? De uma maneira silenciosa, porém bastante ativa, pedras, cacos de cerâmica, restos de fortalezas e antigos manuscritos clamam que a história é verdadeira, que Deus é tão real que quase dá para tocá-lo.
A arqueologia é certamente um presente do céu aos crentes. Seu conhecimento é uma excelente ferramenta na compreensão, no estudo e na proclamação da Palavra de Deus!

sábado, 23 de maio de 2015

Was the story of Jesus rising from the dead borrowed from pagan myths?


This video is part #5 of our series 'After Life? The most up to date and convincing case for the resurrection of Jesus Christ,' featuring Professor William Lane Craig, Professor Gary Habermas, Professor Mike Licona, Amy Orr-Ewing and Professor Tom Wright talking about the evidence that Jesus really did rise from the dead, and what we can know about life after death.

domingo, 1 de junho de 2014

A BÍBLIA E A SÉTIMA ARTE: AS NARRATIVAS BÍBLICAS REPRESENTADAS NAS TELAS EM MAIS DE UM SÉCULO DE CINEMA. [PARTE 1/3: NA ÉPOCA NO CINEMA MUDO]

INTRODUÇÃO
Desde os primeiros anos de existência da indústria cinematográfica, no inicio do século XX, as narrativas bíblicas tem inspirado a elaboração de muitos filmes. Alguns comprometidos em manter uma lealdade para com as narrativas bíblicas, outros enfeitando voluntariamente (muitas vezes com anacronismos extrapolados) afim de, antes de tudo, manter uma aparência mais atrativa ao telespectador em geral.  Contemplaremos a multiformidade presente dentro do gênero épico bíblico, percebendo a existência de vários gêneros dentro do mesmo; estabelecemos também que o campo do filme religioso se forma, se define e se redefine constantemente a partir das relações entre o campo do fílmico (produtoras, cineastas, indústria etc.) e o campo do religioso (igrejas, instituições religiosas, seus representantes e fiéis).
Muitos pesquisadores da área cinematográfica, em sua maioria norte-americanos, reconhecem a existência do gênero Épico Bíblico; entre estes  podemos destacar Jon Solomon, Brian Godawa, William Telford, Melanie Right, B. Babington, P.Evans, Pamela Grace, Barnes Tatum e Luiz Vadico.  Todavia, a forma como estes estudiosos abordam a temática varia em perspectivas bem diferentes.

A GÊNESE DO GÊNERO

A Europa do inicio do século XX, é o onde tudo começa. Podemos afirmar que os principais pioneiros do gênero épico bíblico foram os franceses Ferdinand Louis Zecca(1864- 1947) e Charles Pathé (1983-1957).  Ferdinand Zecca trabalhava como animador de café concerto, no Teatro Ambigu antes de ser contratado por Charles Pathé durante a Exposição Universal de  1900, para trabalhar na tão recente industria cinematográfica. Zecca rapidamente se tornou no homem de confiança de Pathé ao demonstrar uma grande capacidade comercial.
Os temas e assuntos prediletos dessa produção são: Jesus Cristo, Os apóstolos, Moisés, Sansão e Dalila, Davi, Salomão e personagens referentes ao livro de Gênesis (principalmente Adão e Eva, Noé, Abraão e José do Egito). Ao perceber estes assuntos como os mais repetidos em produções deste tipo, chama a atenção um fato marcante: Quase todos estes temas estão entre os filmes produzidos na primeira década do século XX.  Antes mesmo de o cinema ter se firmado em sua vertente narrativa, as linhas de força da produção religiosa já estavam sendo postas, como podemos observar abaixo e, um levantamento de Miller & Hulber.
Entre os anos de 1900 e 1910, tem-se os seguintes filmes: The Passion Play (Luigi Topi, 1900); Soldier of the Cross (Joseph Perry e Herbert Booth, Australia, 1900); Sanson and Delilah (Pathé, 1903); The Wandering Jew (Star, de Méliès, 1904); The Life and Passion of Jesus Christ (Pathé, 1905); The Life of Christ (Alice Guy, Gaumont, 1906); Moses (Pathé, 1907); Jerusalem in the Times of Christ (Kalem, 1908); Salome (Vitagraph, 1908); David and Goliath (Kalem, 1908); The Star of Bethlehem (Edison, 1908); The Kiss of Judas (Film d’Art, Fra, 1909); Saul and David (Vitagraph, 1909); The Judgment of Solomon (Vitagraph, 1909); The Life of Moses (Vitagraph, 1909-1910). [Miller & Hulber,2003]
A França se lançaria como o principal berço deste gênero cinematográfico, quando em 1902 nasce o primeiro filme bíblico de grande sucesso (tanto em bilheteria, quanto financeiro): “A vida e a paixão de Jesus Cristo”. Com aproximadamente 30 minutos de duração e com tudo o que a produtora francesa Pathé tinha de melhor em termos de elenco, cenário e equipamentos, os parceiros conseguiram um grande sucesso de bilheteria. Para o montagem do filme, foi feito uso de um sofisticado sistema de colorização na película prezando assim pela qualidade das imagens. No elenco podemos destacar a atuação de Madame Moreau e Monsieur Moreau. O filme teve uma edição expandida em 1905 com aproximadamente 45 minutos. Algo inovador para uma época onde os filmes dificilmente duravam mais do que 15 minutos.

Em 1907, ainda na França, ousadamente é produzido “Moses and the Exodus from Egypt (Moisés e o Êxodo do Egito)” , com duração de menos de dez minutos.  Em 1912, Hollywood inova ao filmar “From the Manger to the Cross” (Da manjedoura a Cruz) em locações reais no Egito e na Palestina. Este, dirigido por Sidney Olcott, é pontuado por passagens bíblicas, registrado nas cartelas originais do filme, sempre mostrando as referencias. O filme tem duração de mais de uma hora e contou com um investimento altíssimo na época. Dez anos depois, o cineasta húngaro Alexander Corda, desenvolve um projeto independente, filmando assim Samson und Dalila, obra que constituía-se em um marco do cinema húngaro. O filme foi elaborado com a participação de renomados artistas de óperas, como Julia Sorel e Paul Lukas. Apesar de toda elegância artística da obra, esta recebeu muitas críticas por supostamente não ser muito coerente com a narrativa bíblica.
Em 1923, Cecil B. DeMille, o principal responsável pela popularização do gênero épico bíblico, concretiza um sonho muito ousado ao escrever, produzir e dirigir a primeira versão cinematográfica de Os Dez Mandamentos. A primeira metade desse filme mudo conta a história de Moisés e termina com os acontecimentos referentes ao recebimento dos dez mandamentos. O restante do filme é uma história a respeito de dois irmãos que vivem no século XX. Um irmão honra os dez mandamentos, enquanto o outro os ignora e sofre com consequencias desastrosas.  Os cenários para filmagem  das cenas que se passam  no Egito foram beseados em descobertas arqueológicas recentes, incluindo a da tumba do faraó Tuntankamon.  DeMile contou com um grande elenco  e fez um uso brilhante de efeitos especiais. Com o intuito de despertar mais o publico para assistir o filme, ele incluiu cenas de orgias  mostrando corpos seminus, algo que acabou relativamente aceitável naquela época por causa do contexto em que estas foram inseridas. O filme trouxe legados em muitos aspectos e acabou influenciando fortemente muitos outros épicos bíblicos que ainda viriam.
 Encorajado pelo sucesso de Os Dez Mandamentos, DeMille lançou em 1927 “O Rei dos Reis”, um filme sobre a vida de Jesus. Sem efeitos especiais eletrônicos na época, o filme brilhantemente representa os milagres de Jesus usando truques manuais de luzes e sombras.  Tal obra viria a ser tão duradoura que, diferente de muitos outros filmes, manteve-se um sucesso razoável por décadas, levando  DeMille a não optar por sua refilmagem. Este filme ganhou uma versão sonorizada nos anos 30.