quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

3 motivos pelos quais as igrejas da teologia da prosperidade atraem tantas pessoas:


1. A mensagem é predominantemente antropocentrica e comovente. As liturgias dessas igrejas são feitas para atrair as pessoas , massageando seus egos e proporcionando entretenimento. O diabo é culpado por quase tudo que dá errado na vida dos fiéis. Fala-se pouco em pecado e arrependimento. Aliás, tal pecado é mais encarado como doença, do que como escolhas de nossa responsabilidade. Enfatiza-se os méritos do homem e a força do seu braço, minorando a soberania e glória de Deus. 

2. Apelam ao emocionalismo. Usa-se técnicas de hipnose, Programação Neurolinguística, palavras de efeito e no final chama tudo isso de unção. 

3. Alimentam o  imediatismo. Para que tanta labuta estudando e trabalhando duro, se minha fé pode proporcionar tudo isso de uma forma bem mais fácil? E cá entre nós... Aqui no Brasil o solo é bem fértil pra esse tipo de pregação.

Ou seja, em poucas palavras: fazem sucesso, porque oferecem um cristianismo ao gosto do freguês. Uma mensagem que o povo gosta de ouvir. Mas que no final, só me faz lembrar do ilusório e perigoso canto da sereia. 

Helton de Assis




terça-feira, 13 de dezembro de 2022

O CRISTÃO E A PRÁTICA DO BEM (REFLEXÃO DEVOCIONAL)


 Portanto, tudo quanto quereis que as pessoas vos façam, assim fazei-o vós também a elas, pois esta é a Lei e os Profetas. (Mateus, 7.12)

Uma das tendências mais crescentes do mundo atual, é a frieza cada vez maior das pessoas uma com as outras. O calor humano e o amor, vão perdendo espaço, dando lugar a um estilo de vida coletivo focado em bens materiais , correrias do mundo profissional, contas à pagar,  prazeres carnais e smartphones. As relações cada vez menos duradouras e movidas por interesses pessoais. As brigas cada vez mais frequentes e o papo cada vez mais breve. 

Perdemos cada vez mais a capacidade de amar ao nosso próximo . Hospitalidade, caridade e compaixão são reservadas para pessoas consideradas ingênuas . 

Nesta contramão vem o ensino do Mestre Jesus: independente da frieza e do egoísmo que vemos ao nosso redor, precisamos responder a tudo isso com humildade e obediência. E é exatamente em Cristo, que encontramos o modelo a seguirmos.

Aos seus discípulos, ensinou na pratica o real serviço, lavando seus pés. Aos desamparados,  ofereceu sua compaixão. Para as multidões, olhou com piedade. Quando um dos seus o negou triplamente, Ele perdoou e restaurou. Para as crianças e mulheres, deu a sua atenção. A pescadores analfabetos, transformou em grandes líderes. Ao Pai Celeste se submeteu totalmente.

Ah, se tratasse-mos uns aos outros conforme Cristo nos ensinou!  

Para que isso aconteça , é indispensável o exercício da empatia, da gentileza e da compaixão. E não é dificil aprendermos a lição! A regra é simples e objetiva:

Fazer para o outro sempre o que gostaríamos que fizemos por nós. Tratar ao próximo sempre da mesma forma que gostaria de ser tratado . E se você ainda tiver alguma dificuldade, basta se perguntar: Em meus passos, o que faria Jesus?

Deus te abençoe! 


 Helton de Assis Freitas


sexta-feira, 26 de agosto de 2022

CIENTISTAS DE DEUS

  




       Em muitos círculos acadêmicos existe um forte preconceito para com a relação dos cristãos com a ciência. Há, inclusive, quem afirme que um bom cientista não pode ter crenças religiosas. Infelizmente, ainda é comum se escutar frases como  “Fé e ciência são duas coisas antagônicas”, “A ciência é algo para os fortes, fé é para os fracos”, “A fé atrapalha o desenvolvimento da ciência”, e assim por diante... Mas a verdade é que falas desse tipo originam-se de desinformação ou mesmo de preconceito.

 

Se observarmos a história da ciência moderna, constataremos que muitos cientistas famosos acreditavam em Deus, e boa parte eram fervorosos defensores da fé cristã. Entre os grandes nomes da ciência moderna muitos cristãos devotos podem ser encontrados. Entre estes podemos citar: o matemático Blaise Pascal (pai da ciência hidrostática), Robert Boyle (pai da química moderna), o gênio Isaac Newton (considerado por muitos como o maior cientista da história), Gregor Mendel (pai da genética), Michael Faraday (um dos pioneiros nos estudos de eletromagnetismo e eletroquímica), o medico e químico francês Louis Pasteur, entre tantos outros.

 

        Chegando aos nossos dias, em pleno século XXI, inúmeros cristãos também tem se destacado nos mais variados campos da ciência. Para decepção de vários céticos, que na virada do milênio afirmaram que a partir dali a religião iria perder cada vez mais adeptos e que a tecnologia iria ocupar paulatinamente o lugar da fé. Contudo, ao chegarmos na terceira década do século XXI, percebemos que a fé cristã ainda permanece forte na grande maioria dos países. É claro que em algumas partes do globo o agnosticismo e o ateísmo ganharam muita força nos últimos anos (como por exemplo, nos países do norte da Europa). Contudo é importante observar que o contrário vem ocorrendo em outras partes do mundo; basta ver o grande crescimento do cristianismo no leste da Ásia e no sul da África onde os adeptos da fé cristã tem se multiplicado de forma surpreendente com o passar dos anos. 

        Quando olhamos para ciência atual, vemos com facilidade a participação de inúmeros intelectuais cristãos, atuando nos mais variados campos do saber. Podemos destacar entre estes: Francis Collins (ex-diretor do Projeto Genoma), o filósofo estadunidense Alvin Platinga, a renomada astrofísica da NASA Jennifer Wiseman, o premiado neurocirurgião Ben Carson, o químico brasileiro Marcos Eberlin, o neuroimunologista inglês  Alasdair Coles, entre muitos outros...

        Destarte, vemos que ao contrário do que muitos equivocadamente afirmam, a fé não é algo para alienados ou ignorantes. Não há incompatibilidade alguma entre você ser um cristão e ao mesmo tempo contribuir com as boas pesquisas cientificas que visam melhorar a vida das pessoas. Como já diz uma frase bem conhecida: Jesus morreu para tirar os nossos pecados, e não a nossa inteligência! 

Helton de Assis Freitas, tem 32 anos, é educador, historiador e missionário da Igreja Presbiteriana do Brasil. Formado em teologia pela Faculdade Evangélica do Nordeste e em História pela UFPB. 

sexta-feira, 17 de abril de 2020

COMO SE FAZIA PARA ILUMINAR AS NOITES QUANDO NÃO HAVIA ENERGIA ELÉTRICA?








Séculos antes da invenção da primeira lâmpada, antes mesmo da chegada dos portugueses, os povos indígenas que habitavam o território que hoje chamamos de Brasil, utilizavam a luz do fogo e a claridade da Lua como forma de iluminar suas noites. Além das fogueiras, não existe vestígios de outra forma de iluminação artificial no Brasil pré-cabralino. O fogo era importante não apenas para proporcionar iluminação, mas também era um importante recurso para espantar animais selvagens, cozinhar alimentos e fornecer calor nas noites mais frias. O fogo também era sagrado para muitos grupos, sendo utilizado em cerimonias tradicionais e práticas religiosas.


O missionário e escritor francês Jean de Léry (1534-1611) que junto com o almirante Villegagnon participou da invasão do Rio de Janeiro em 1557, deixou-nos uma vívida narrativa sobre o emprego do fogo pelos índios brasileiros:

São os selvagens muito amigos do fogo e não pousam em nenhum lugar sem acendê-lo, principalmente à noite, pois temem então ser surpreendidos por Ayugnan, o espírito maligno, que, como já disse, amiúde os espanca e atormenta. (LÉRY, 1980, p. 303)

Com os colonizadores europeus chegam ao Brasil algumas formas de iluminação que já há muito tempo eram utilizadas no velho mundo, mas que se constituíam uma novidade para os nativos da América, como foi o caso das lamparinas, candeeiros e as velas. Tais recursos funcionam à base de ceras e óleos vegetais ou animal.  O óleo de oliva era um dos mais utilizados, mas, como era fabricado somente na Europa, tinha altos custos, tornando sua utilização exclusiva da elite colonial. De acordo com Ana Aver (2013), com o alto custo do óleo de oliva, rapidamente ele foi substituído por outros óleos fabricados no Brasil, como o óleo de coco e principalmente o de mamona (conhecido também como carrapateira).

 Posteriormente, surgiu óleos derivados de gordura animal (principalmente de baleias) e foram fabricadas velas feitas de gorduras e de cera de abelha (produtos que em razão do alto preço, também não eram utilizados nas residências da população pobre).

Já no Brasil Oitocentista, é interessante destacar que nesta época popularizam-se os combustíveis fósseis. Estes combustíveis – que mais tarde se tornariam fundamentais para muitos  aspectos da vida nos séculos XX e XXI – tiveram seu primeiro uso comercial girando em torno da luz.  As novas lâmpadas á base destes combustíveis (cujo principal era o querosene), possuíam claridade muito maior do que qualquer vela jamais fora antes e tinham um valor muito mais acessível.

Acerca destas, cada vez mais populares lâmpadas, o historiador norte-americano Steven Johnsson (2015), autor de importantes pesquisas sobre o impacto histórico da tecnologia no cotidiano, afirma que sua popularização impactou a civilização nas mais variadas áreas, inclusive no que diz respeito à informação e a imprensa: “seu brilho mais intenso incentivou a publicação de revistas e jornais da segunda metade do século XIX, já que as horas escuras depois do trabalho tornaram-se cada vez mais compatíveis com a leitura”.

 Coincidentemente, nesse período de crescente iluminação, surgiram vários jornais de influência no Brasil oitocentista, como o carioca Diário do Rio de Janeiro (1808); o pernambucano Diário de Pernambuco (1825); e os paraibanos Jornal da Parahyba (1885) e A União (1891).

 É interessante observar, que por outro lado, tais lâmpadas também provocaram explosões literais: milhares de pessoas morriam a cada ano por incêndios originados nas luzes de leitura.  Apesar dos avanços, a luz artificial ainda era algo muito limitado, e hábitos como ler depois do anoitecer ainda era sinônimo de luxo.

Outro historiador norte-americano, Roger Ekirch, destaca que até o século XIX, as noites eram tão opressivas que os cientistas agora acreditam que até mesmo nossos antigos padrões de sono diferiam radicalmente comparados aos padrões atuais sob influência da onipresente iluminação noturna. Em 2001, Ekirch publicou um estudo notável, inspirado em centenas de diários e manuais de instrução, argumentando, de forma convincente, que:
“Historicamente os seres humanos dividiram suas longas noites em dois períodos de sono distintos. Quando a noite caía, eles adormeciam para um “primeiro sono”, despertando após quatro horas para fazer um lanche, fazer suas necessidades fisiológicas, ter relações sexuais ou conversar junto ao fogo, antes de voltar para mais quatro horas de “segundo sono”.(Apud, Johnson, 2015, p.113)

Ekirch, em sua obra mais conhecida “At Day’s Close”,  argumenta que os avanços tecnológicos relacionados a iluminação artificial a partir do século XIX interrompeu esse antigo ritmo, abrindo-se toda uma série de atividades modernas que podiam ser realizadas depois do pôr do sol, variando de teatros e restaurantes até o trabalho nas fábricas.  Após anos de investigação Ekirch defende que o processo de um único bloco de oito horas de sono contínuo, que é o mais comum entre os citadinos do século XXI,  foi desenvolvido por costumes do século XIX, em adaptação a uma drástica mudança no ambiente iluminado dos assentamentos humanos.

Referências Bibliográficas:

EKIRCH, Roger. At Day's Close: Night in Times Past. New York: W. W. Norton & Company, 2006.
FURTADO, Peter. 1001 Dias que Abalaram o Mundo. Rio de Janeiro: Sextante, 2009.
JOHNSON, Steven. Como chegamos até aqui: A história das inovações que fizeram a vida moderna possível. São Paulo, Zahar, 2015.

LÉRY, Jean de. Viagem à terra do Brasil. São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo. 1980.

O texto acima é parte da monografia apresentada ao Curso de Licenciatura Plena em História, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal da Paraíba, intitulada  "A CHEGADA DA ENERGIA ELÉTRICA NA CAPITAL PARAIBANA E SEU IMPACTO NO COTIDIANO DA POPULAÇÃO",  de autoria de HELTON DE ASSIS FREITAS, editor deste blog.