terça-feira, 30 de outubro de 2012

HISTÓRIA ANTIGA: AKHENATON, O FARAÓ REBELDE

Estatua de Akhenaton no museu do Cairo

por HELTON DE ASSIS FREITAS & FELIPE CUNHA SOARES

Era a época mais gloriosa do Egito. Ao longo de todo Nilo artífices construíam grandes e numerosos templos para homenagear a centenas de deuses. Os egípcios acreditavam que se os agradasse então sua nação prosperaria. O pai de Amenothep IV (nome original de Akhenaton), Faraó amenothep III, vivia no grande e rico centro religioso de Tebas, considerada a cidade do deus Amom. Havia uma só industria na cidade: a religião. Mas toda a glória e riqueza de Tebas logo seria abalada por uma revolução como jamais vista.

Da infância medíocre a ascensão

Amenothep IV, nasceu em 1380 a.C e fazia parte da XVIII dinastia dos faraós egípcios. As análises de DNA das múmias egípcias pelo famoso egpitólogo Zahi Hawass confirmam Akhenaton como filho de Amen-hotep III e pai de Tutankamon. Sabe-se também que ele possuía cinco irmãos, sendo quatro mulheres. Todos os irmãos do pequeno príncipe egípcio possuíam honras e títulos importantes, porém para ele não havia nada. Na maioria das vezes em que sua família ia ao templo ou para festividades religiosas, o jovem Amenothep IV era impedido de acompanhar sua família. Em um tempo em que tudo girava em torno dos templos e seus numerosos  sacerdotes, o jovem príncipe se via excluído das cerimônias dos templos, onde seus irmãos faziam oferendas aos deuses. Ele cresceu em meio a muitas restrições e limitações, algo que ironicamente lembra a história do “patinho feio”.

estatueta representando Akhenaton e sua esposa Nefertiti
Qual seria o motivo desta rejeição? O que este garoto possuía de tão escandaloso? Não se tem todas as respostas, porém um dos fatores mais determinantes esta relacionado com a aparência física do garoto. Muitos pesquisadores afirmam que Akenathon possuía uma doença chamada de “Síndrome de Marfan”, que trata-se de um defeito genético que danifica o tecido conjuntivo do corpo; os principais sintomas são: rosto alongado, queixo protuberante, dedos da mãos e dos pés alongados e olhos estranhos. O jovem príncipe possuía uma aparência física bem “esquisita”. Mas como foi citado, não se sabe os motivos detalhados da sua rejeição durante a infância.

Depois do faraó Amenothep III, a pessoa mais importante da família real era a Rainha Tyie. Sabe-se que ela possuía um afeto enorme pelo jovem Amenothep IV e ansiava por vê-lo herdar o trono da nação. Amen-hotep não estava destinado a ser rei do Antigo Egito. Este lugar iria ser ocupado pelo seu irmão mais velho, Tutmés, que era filho do Faraó com Gilukhipa, uma esposa secundária filha do rei de Mitanni. O sonho da rainha ganhou força após a morte de Tutmés, que faleceu antes do ano 30 do reinado do pai e Amen-hotep acedeu à categoria de "Filho Maior do Rei", ou seja, herdeiro do trono.

Levado até o topo por sua ambiciosa mãe, que havia conquistado grande poder político na medida em que seu marido encontrava-se enfermo, o garoto rejeitado se tornou o novo rei do Egito, com apenas 15 anos de idade.

No governo de Akhenaton, alguns acontecimentos se fazem perceber, e muito se veicula, como diferente. Os que mais se destacam são: a criação da cidade de Akhetaton, a mudança na estética da arte e a revolta social.

A construção de Akhetaton

 A criação da cidade se dá logo no seu início de governo e se concretiza antes do oitavo ano de governo. E ela pode ser/e é entendida uma exaltação a deus privilegiado: Aton. Não é muito contrário ao que fizeram outros faraós, pois em sua maioria adotavam uma divindade em detrimento a outras. O fato de ter uma cidade em construída em sua homenagem, faz com que se atribua uma importância maior, mais não é complicado de compreender esta grande manifestação de adoração a Aton, se observa o reinado de Amen-hotep III, que foi próspero para o Egito. Essa construção também significou uma restauração a uma crescente que foi, um pouco parada pelo pai de Akhenaton, os cultos ao deus Aton, alguns faraós anteriores haviam mostrado grande adoração pelo deus Aton.

A revolução artística

Akhenaton em adoração ao disco
solar
As formas de representação encontradas durante o reinado de Akhenaton são bastante diferenciadas se formos comparar com as encontradas antes dele. Geralmente, se representava os faraós com algumas características bem marcantes como um rosto perfeito e o seu corpo demonstrando vigor, sem defeitos aparentes físicos ou em sua pele, afinal estava sendo representado o ``senhor das duas terras´´, como também pinturas que revelassem a força e grandiosidade como esmagando a cabeça de um inimigo ou uma guerra, ou seja, o seu poder e seus grandes feitos. Mesmo assim com o reinado de Akhenaton é mostrado uma nova forma de representar uma forma bem mais real e ``verdadeira´´, o faraó é representado em família e em momentos carinhosos com uma cena que Akhenaton beija sua filha, e a como Akhenaton e Nefertiti são apresentados em cenas e estatuas. Akhenaton é apresentado com o nariz, e o queixo salientes os lábios espessos, seu peitoral lembra um busto feminino, barriga grande, seus quadris largos e suas coxas são largas, e Nefertiti representada como bela em cenas e estatuas na sua mocidade, quando mais velha é mostrada em uma estatua com um rosto já aparentado os sinais da idade e sua postura encurvada. São apresentações bem diferentes de outras realezas, que mesmo velhos se faziam representar como jovens e não com seus sinais de idade, nem mesmo suas filhas deixaram de ser representadas de forma mais real, ambas têm uma deformidade chamada que as deixava com a cabeça alongada. Isto revela uma grande mudança no ideal de representação, este ideal figura agora mais real do que antes.

A revolta social

Há também uma possível revolta social, que é contestada por Christian Jacq que desfaz desta possibilidade, não há provas, indícios suficientes que possam demonstrar que houve uma revolta. Esta hipótese é levantada por que a mudança de um “deus supremo” (Amon por Aton), e como também de capital teria gerado uma grande insatisfação por parte do clero tebano, que além de ter observado Amon ter sido deixado de lado viu mudança da capital para um  lugar de adoração a Aton. Ou seja, eles estavam sendo desprestigiados. Além do fator econômico envolvido, este fator caberia mais aos artesãos, e esses não tinham tanta influência assim. Mesmo que os sacerdotes, e possivelmente os artesãos, não seria o bastante para que uma fosse possível um ato como este, mesmo que com a grande influência que tinham por o exercício de suas funções. E também não se sabe ao certo como foi a morte de Akhenaton, onde ocorreu e como ocorreu.
Porém, nenhum desses citados, como também outros, significou uma incrível ruptura com a realidade egípcia (só com a realidade vivida naquele momento), ou seja, nenhum dos acontecimentos propiciados por Akhenaton nunca havia sido feito por outro faraó. O que mais se aproxima, de uma grande diferenciação é a preferência por um deus em particular, deixando um pouco a margem os outros. Outro é a estética da arte, que se revela muito mais real, não escondendo o que muitos outros faraós e donos de túmulos não deixaram representar.




BIBLIOGRAFIA

Ø  Jacq, Christian. Nefertiti e Akhenaton: o Casal Solar. São Paulo:Bertrand Brasil, 2002.

Ø  Furtado, Peter. 1001 Dias Que Abalaram O Mundo. Rio de Janeiro: Sextante, 2009.

Ø  Documentário “Akhenaton, O Faraó Rebelde”. Discovery Channel, 1998.

 

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