Estatua de Akhenaton no museu do Cairo |
por HELTON DE ASSIS FREITAS & FELIPE CUNHA SOARES
Era
a época mais gloriosa do Egito. Ao longo de todo Nilo artífices construíam
grandes e numerosos templos para homenagear a centenas de deuses. Os egípcios
acreditavam que se os agradasse então sua nação prosperaria. O pai de Amenothep
IV (nome original de Akhenaton), Faraó amenothep III, vivia no grande e rico centro
religioso de Tebas, considerada a cidade do deus Amom. Havia uma só industria
na cidade: a religião. Mas toda a glória e riqueza de Tebas logo seria abalada
por uma revolução como jamais vista.
Da infância
medíocre a ascensão
Amenothep
IV, nasceu em 1380 a.C e fazia parte da XVIII dinastia dos faraós egípcios. As análises de DNA das múmias egípcias pelo famoso
egpitólogo Zahi Hawass confirmam Akhenaton como filho de Amen-hotep III e pai de Tutankamon. Sabe-se também que ele possuía cinco
irmãos, sendo quatro mulheres. Todos os irmãos do pequeno príncipe egípcio
possuíam honras e títulos importantes, porém para ele não havia nada. Na
maioria das vezes em que sua família ia ao templo ou para festividades
religiosas, o jovem Amenothep IV era impedido de acompanhar sua família. Em um
tempo em que tudo girava em torno dos templos e seus numerosos sacerdotes, o jovem príncipe se via excluído
das cerimônias dos templos, onde seus irmãos faziam oferendas aos deuses. Ele
cresceu em meio a muitas restrições e limitações, algo que ironicamente lembra
a história do “patinho feio”.
estatueta representando Akhenaton e sua esposa Nefertiti |
Qual
seria o motivo desta rejeição? O que este garoto possuía de tão escandaloso?
Não se tem todas as respostas, porém um dos fatores mais determinantes esta
relacionado com a aparência física do garoto. Muitos pesquisadores afirmam que
Akenathon possuía uma doença chamada de “Síndrome de Marfan”, que trata-se de
um defeito genético que danifica o tecido conjuntivo do corpo; os principais
sintomas são: rosto alongado, queixo protuberante, dedos da mãos e dos pés
alongados e olhos estranhos. O jovem príncipe possuía uma aparência física bem
“esquisita”. Mas como foi citado, não se sabe os motivos detalhados da sua
rejeição durante a infância.
Depois
do faraó Amenothep III, a pessoa mais importante da família real era a Rainha
Tyie. Sabe-se que ela possuía um afeto enorme pelo jovem Amenothep IV e ansiava
por vê-lo herdar o trono da nação. Amen-hotep não
estava destinado a ser rei do Antigo Egito. Este lugar iria ser ocupado pelo
seu irmão mais velho,
Tutmés, que era filho do Faraó com Gilukhipa, uma esposa secundária filha do rei de Mitanni. O sonho da
rainha ganhou força após a morte de Tutmés, que faleceu
antes do ano 30 do reinado do pai e Amen-hotep acedeu à categoria de
"Filho Maior do Rei", ou seja, herdeiro do trono.
Levado
até o topo por sua ambiciosa mãe, que havia conquistado grande poder político
na medida em que seu marido encontrava-se enfermo, o garoto rejeitado se tornou
o novo rei do Egito, com apenas 15 anos de idade.
No governo de Akhenaton, alguns
acontecimentos se fazem perceber, e muito se veicula, como diferente. Os que
mais se destacam são: a criação da cidade de Akhetaton, a mudança na estética
da arte e a revolta social.
A
construção de Akhetaton
A
criação da cidade se dá logo no seu início de governo e se concretiza antes do oitavo ano de governo. E ela pode ser/e é entendida
uma exaltação a deus privilegiado: Aton. Não é muito contrário ao que fizeram
outros faraós, pois em sua maioria adotavam uma divindade em detrimento a
outras. O fato de ter uma cidade em construída em sua homenagem, faz com que se
atribua uma importância maior, mais não é complicado de compreender esta grande
manifestação de adoração a Aton, se observa o reinado de Amen-hotep III, que
foi próspero para o Egito. Essa construção também significou uma restauração a
uma crescente que foi, um pouco parada pelo pai de Akhenaton, os cultos ao deus
Aton, alguns faraós anteriores haviam mostrado grande adoração pelo deus Aton.
A
revolução artística
Akhenaton em adoração ao disco solar |
As formas de representação encontradas
durante o reinado de Akhenaton são bastante diferenciadas se formos comparar
com as encontradas antes dele. Geralmente, se representava os faraós com
algumas características bem marcantes como um rosto perfeito e o seu corpo
demonstrando vigor, sem defeitos aparentes físicos ou em sua pele, afinal
estava sendo representado o ``senhor das duas terras´´, como também pinturas
que revelassem a força e grandiosidade como esmagando a cabeça de um inimigo ou
uma guerra, ou seja, o seu poder e seus grandes feitos. Mesmo assim com o
reinado de Akhenaton é mostrado uma nova forma de representar uma forma bem
mais real e ``verdadeira´´, o faraó é representado em família e em momentos carinhosos
com uma cena que Akhenaton beija sua filha, e a como Akhenaton e Nefertiti são
apresentados em cenas e estatuas. Akhenaton é apresentado com o nariz, e o
queixo salientes os lábios espessos, seu peitoral lembra um busto feminino,
barriga grande, seus quadris largos e suas coxas são largas, e Nefertiti
representada como bela em cenas e estatuas na sua mocidade, quando mais velha é
mostrada em uma estatua com um rosto já aparentado os sinais da idade e sua
postura encurvada. São apresentações bem diferentes de outras realezas, que
mesmo velhos se faziam representar como jovens e não com seus sinais de idade,
nem mesmo suas filhas deixaram de ser representadas de forma mais real, ambas
têm uma deformidade chamada que as deixava com a cabeça alongada. Isto revela
uma grande mudança no ideal de representação, este ideal figura agora mais real
do que antes.
A
revolta social
Há também uma possível revolta social,
que é contestada por Christian Jacq que desfaz desta possibilidade, não há
provas, indícios suficientes que possam demonstrar que houve uma revolta. Esta
hipótese é levantada por que a mudança de um “deus supremo” (Amon por Aton), e
como também de capital teria gerado uma grande insatisfação por parte do clero
tebano, que além de ter observado Amon ter sido deixado de lado viu mudança da
capital para um lugar de adoração a
Aton. Ou seja, eles estavam sendo desprestigiados. Além do fator econômico
envolvido, este fator caberia mais aos artesãos, e esses não tinham tanta
influência assim. Mesmo que os sacerdotes, e possivelmente os artesãos, não
seria o bastante para que uma fosse possível um ato como este, mesmo que com a
grande influência que tinham por o exercício de suas funções. E também não se
sabe ao certo como foi a morte de Akhenaton, onde ocorreu e como ocorreu.
Porém, nenhum desses citados, como
também outros, significou uma incrível ruptura com a realidade egípcia (só com
a realidade vivida naquele momento), ou seja, nenhum dos acontecimentos
propiciados por Akhenaton nunca havia sido feito por outro faraó. O que mais se
aproxima, de uma grande diferenciação é a preferência por um deus em
particular, deixando um pouco a margem os outros. Outro é a estética da arte,
que se revela muito mais real, não escondendo o que muitos outros faraós e donos
de túmulos não deixaram representar.
BIBLIOGRAFIA
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