sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O PROTESTANTISMO NO BRASIL COLONIAL


(Texto revisado)

A presença dos evangélicos no Brasil remonta o século XVI, quando os huguenotes (calvinistas de origem francesa) chegaram ao Rio de Janeiro  com o propósito de ajudar a estabelecer um refúgio para os protestantes perseguidos na França. Todavia estes tiveram problemas com  Villegaignon que entrou em conflito com os calvinistas devido a determinados posicionamentos doutrinários, especialmente no que diz respeito a questão dos sacramentos. Ordenados a saírem do Brasil, os colonos reformados embarcaram em um navio de volta para a França. Em meio a excesso de passageiros e pouca comida à bordo, a embarcação começou a afundar quando estavam ainda na altura de Cabo Frio, e assim cinco genebrinos resolveram voltar de bote.  Assim que chegaram em terra foram presos: Jean du Bordel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André Lafon e Jacques le Balleur. Pressionados por Villegaignon, foram obrigados a professar por escrito sua fé, no prazo de doze horas, respondendo uma série de perguntas que lhes foram entregues. Eles assim o fizeram, e escreveram a primeira confissão de fé protestante das Américas, sabendo que com ela estavam assinando a própria sentença de morte. Essa declaração de fé é conhecida como a ”Confissão de Fé de Guanabara” (1558). Em seguida, os três primeiros foram mortos e Lafon, o único alfaiate da colônia, teve a vida poupada. Balleur fugiu para São Vicente, SP, foi preso e levado para Salvador (1559-67), sendo mais tarde enforcado no Rio de Janeiro, quando os últimos franceses foram expulsos.

Quase 100 anos depois, os holandeses criaram a Companhia das Índias Ocidentais com o objetivo de conquistar e colonizar territórios da Espanha nas Américas, especialmente uma rica região açucareira: o nordeste do Brasil. Em 1624, os holandeses tomaram Salvador, a capital do Brasil, mas foram expulsos no ano seguinte. Finalmente, em 1630 eles tomaram Recife e Olinda e em seguida boa parte do Nordeste, incluindo a Paraíba.  Neste período, especialmente durante o governo do conde João Maurício de Nassau-Siegen, que governou esta região entre 1637 a 1644,  foi concedida uma boa medida de liberdade religiosa aos residentes católicos e judeus, e a Igreja Reformada da Holanda passa a ser considerada a igreja oficial. Segundo pesquisadores deste período da história brasileira foram criadas no mínimo vinte e duas igrejas locais e congregações, dois presbitérios reformados (o de Pernambuco e o da Paraíba) e até mesmo um sínodo, o Sínodo do Brasil (1642-1646). Mais de cinquenta pastores ou “predicantes” serviram essas comunidades. 

A Igreja Reformada realizou uma intensa obra missionária junto aos indígenas. Além de pregação, ensino e beneficência, foi preparado um catecismo na língua nativa. Outros projetos incluíam a tradução da Bíblia e a futura ordenação de pastores indígenas. Em 1654 os holandeses foram expulsos do nordeste, transferindo-se assim para o Caribe.
Segundo a historiadora cearense Jaquelini de Souza a primeira igreja protestante  brasileira surge a partir da ocupação holandesa no Nordeste: A Igreja Reformada Potiguara. Esta foi criada por índios potiguaras que foram convertidos por holandeses . Mesmo após a expulsão dos batavos, tais congregações cristãs se expandiram pela Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Perseguidos pelos portugueses tais índios convertidos se refugiaram no Ceará. 

Desde então, não se conhece relatos de cultos protestantes no Brasil colonial. Todavia,  com a chegada da família real e com a abertura dos portos  às nações amigas,  as confissões protestantes começaram paulatinamente a chegar ao país. Os Anglicanos chegam em 1811. Há registros que inclusive apontam a presença de anglicanos morando na Paraíba neste período. A Ilha Stuart (localizada no estuário do rio Paraíba) abrigou alguns ingleses anglicanos durante a primeira metade do século XIX.

Em 1824 chegam no Brasil os luteranos, os Congregacionais em 1855, os presbiterianos em 1859, e  os batistas em 1871. 


Referências bibliográficas

·         Ribeiro, Alvarez Jorge. História da Igreja Presbiteriana na Parahyba. João Pessoa: Fénix, 2003.
·         Souza, Jaquelini. A primeira igreja protestante do Brasil. Higienópoles: Mackenzie, 2013.
·         Matos, Alderi de Souza. História da Evangelização no Brasil. Viçosa: Ultimato, 2003.
·         Blog http://ipjp130anos.blogspot.com.br/   acessado em 17 de fevereiro de 2014, às 17h10min
·         Site http://istoe.com.br/reportagens/328079_OS+PRIMEIROS+PROTES
TANTES+BRASILEIROS acessado em 20 de Janeiro de 2014, às 14h25min
·         Site http://www.monergismo.com/textos/credos/confissao_guanabara.htm acessado em 20 de Janeiro de 2014, às 15h05min

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