Um vagabundo ex-presidiário mora perto do Mercado de Peixes Fulton, na parte inferior ao leste de Manhattan. O cheiro repugnante das carcaças e entranhas dos peixes quase o esmaga, e ele odeia os caminhões barulhentos que chegam antes do nascer do sol. Mas a cidade fica apinhada de gente, e os policiais o atrapalham quando ele vai para lã. No cais ninguém se importa com um homem grisalho que cuida de si mesmo e dorme em uma doca por trás de um vagão basculante.
Bem cedo, quando os trabalhadores estão descarregando enguias e linguados dos caminhões, gritando entre si em italiano, o vagabundo se levanta e se esgueira pelos vagões até os fundos dos restaurantes para turistas. Começar cedo é garantia de bom lucro: um pão de alho amanhecido intacto e batatas fritas, uma pizza que só foi beliscada, uma fatia de cheesecake. Come o que consegue engolir e guarda o resto em um saco de papel pardo. As garrafas e latas ele as enfurna em sacos plásticos dentro de seu carrinho de compras enferrujado.
O sol pálido da manhã finalmente sobe sobre os edifícios do cais, através da neblina do porto. Quando ele vê o bilhete da loteria da semana passada em cima de uma pilha de alface murcha, quase o deixa ficar. Mas, pela força do hábito, ele o pega e enfia no bolso. Antigamente, quando tinha mais sorte, costumava comprar um bilhete por semana, nunca mais de um. Já passa do meio-dia quando se lembra do canhoto do bilhete e vai à banca de jornais comparar os números. Três números combinam, o quarto, o quinto — todos os sete! Não pode ser verdade. Coisas assim não acontecem com ele. Vagabundos não ganham na Loteria de Nova York.
Mas é verdade. Mais tarde, naquele dia, ele está piscando diante das luzes fortes enquanto o pessoal da televisão apresenta o mais novo personagem da mídia, o vagabundo barbudo, maltrapilho, que vai receber 243.000 dólares por ano nos próximos vinte anos. Uma mulher de aparência elegante, usando uma minissaia de couro, sacode um microfone no seu rosto e pergunta: "Como você se sente?". Ele olha em volta espantado, e capta um leve cheiro do perfume dela. Há muito tempo, há muito tempo mesmo, que ninguém mais lhe fazia essa pergunta.
Ele se sente como um homem que esteve quase morrendo de fome e voltou à vida, e está começando a imaginar que nunca mais vai sentir fome.
(Extraído de Maravilhosa Graça, de Philip Yancey)
Da mesma forma acontece com o homem que encontra a graça salvadora de Cristo.
O homem vive se perguntando "quem sou eu","de onde viemos", "para onde vamos". A resposta afirmo com toda convicção: Somos criaturas de Deus, afastados dEle por causa do nosso pecado. Mas, com a oportunidade de reconciliação, conquistando assim amizade intima com esse Deus amoroso e adquirindo o presente da vida eterna.
Você sabe por quê Jesus precisou morrer naquela cruz? Sabe porque sem ele nossa vida é incompleta?
Porque espiritualmente somos como esse mendigo: perdidos, confusos, sujos, sem futuro, sem dinheiro pra pagar as dividas, marcado pelos erros e pecados; carentes de alguém ou algo que dê esperança. Cristo é como esse bilhete de loteria: capaz de transformar e dá vida para quem o acha e o guarda.
Deus te abençoe!
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