Nicolau Sevcenko nasceu em São Vicente, litoral paulista, em 1952 e cresceu na cidade
de São Paulo. Podemos afirmar que
certamente ele é um dos historiadores brasileiros mais influentes da
atualidade. Ligado às grandes questões do mundo contemporâneo, mantém
uma colaboração ativa com jornais, revistas
e publicações independentes do Brasil e do mundo.
Possui graduação em História pela Universidade de São
Paulo (1975) , doutorado em História Social pela mesma instituição (1981) e
pós-doutorado pela University of London (1990) . Atualmente é professor titular
da USP e membro de corpo editorial da Brasil Brazil. Suas pesquisas são com
ênfase em História Moderna e Contemporânea. Atua principalmente nos seguintes
temas: anos 20, cultura, São Paulo.
BIOGRAFIA
Filho de imigrantes russos, da região da Ucrânia
Sevcenko foi criado em uma colônia eslava existente na cidade de São
Paulo. Sua criação se deu em um ambiente
muito marcado, sobretudo, por uma espécie de ambiência comunitária muito
fechada, que o impediu de ter um contato maior com a realidade brasileira, algo
que só foi acontecendo paulatinamente
através da escola elementar e depois do segundo grau.
Sua família possui um grande histórico de perseguições.
Seu avô era um funcionário do Império Russo, que teve participação na Primeira
Grande Guerra e na guerra civil. Por isso sua família foi incluída em uma
espécie de lista negra e teve de fugir ; com os acordos internacionais do entre
- guerras, a Ucrânia ficou com o Stalin e ele tratou de perseguir as pessoas
que estavam na tal lista. Assim, eles se puseram a circular por diferentes
partes do mundo, pulando de nação em nação.
Conviviam com o terror permanente de serem perseguidos. Segundo o
próprio Sevcenko, sua família era “absolutamente paranóica, e no processo de
fuga se romperam os laços com os que ficaram para trás e foram engolfados pelo
regime de repressão. Foi uma coisa terrível e até hoje é um tabu falar desse
passado.*” Sua família convivia com um estado de pânico e alerta
permanente, e isso teria sido transmitido para ele com muita força durante a
infância.
Ainda em relação a sua infância Nicolau Sevcenko
afirma:
“ Fui criado num completo vazio em relação ao tempo pregresso, numa
espécie de presente permanente. Quando penso sobre isso, imagino que talvez
essa situação tenha tido alguma influência na opção por me tornar um
historiador, uma espécie de obsessão pelo passado.*”
Pelo fato de sua criação ter sido um pouco restrita a
um núcleo de imigrantes do leste europeu, Sevcenko sofreu com muitas limitações de sociabilidade com o restante
das crianças e famílias da sua localidade. Ele não falava bem o português e
tinha assim muitas dificuldades de comunicação, principalmente na escola. As dificuldades econômicas também eram
enormes. Seu pai faleceu quando ele tinha apenas 5 anos e sua mãe era tecelã. Dividiu
a infância entre o trabalho, o esporte e o estudo. Ele e seu
irmão passaram a infância atravessando a área industrial do ABC paulista,
puxando carrinho cheio de metal, catado nas sucatas ou comprado de outros
rapazes que faziam a mesma coisa, e vendendo-os nos centros de reciclagem. Sobre
essa parte sua vida, Sevcenko diz que ”Isso tem uma contrapartida. Porque você
vê o mundo diferente; vê o mundo puxando um carrinho de metal sucateado no meio
da rua. Você é visto diferente e vê diferente.
Isso ajuda muito a sacar quantas angulações diferentes existem na
sociedade e quão dramática é a diferença de cada um desses ângulos.”* De
coletor de metais usados para reciclagem, a office boy e escritor, fez um pouco
de tudo pelos quatro cantos da cidade.
Dada
as circunstâncias Nicolau Sevcenko certamente podia ter sido engolido por esse
clima hostil e duro. Todavia a família e a escola foram importantíssimas para
ele e fizeram toda a diferença. Mas o ambiente familiar era mais de pressão do
que de estimulo:
“O objetivo era o de, por meio do ensino,
obter a compensação pela desgraça histórica que se abateu sobre a família.E não
apenas estudar, mas formar-se em Engenharia, que seria o ponto final ideal
desse esforço. O que eu sempre tive foi uma espécie de atração por disciplinas
de natureza mais cientifica, como Ciências Naturais ou as ditas ciências
exatas.*”
Sua decisão em favor da história e das ciências
humanas foi mais tardia.
“Acho que foi aquele contexto todo do final da década de 1960, começo de 70, em que
o mundo de repente ficou de cabeça para baixo e os personagens centrais da
história eram os jovens que àquela
altura estavam focados em filosofia, em artes, em estética, em
comportamento, e de alguma forma me deixei contaminar por aquele espírito.” *
Poucos têm uma história de vida como a do historiador
Nicolau Sevcenko. Conquistou a graduação em história em 1975, na Universidade
de São Paulo, onde hoje é professor titular desde 1999. Hoje, circula entre São
Paulo e Londres, e é membro do Centre for Latin American Cultural Studies, da University
of London. É também editor-associado de The Journal of Latin-American Cultural
Studies, importante publicação da Universidade de Cambridge nos Estados Unidos.
PRINCIPAIS OBRAS
Nicolau Sevcenko é autor de obras
pioneiras que contribuíram para consolidar o estudo da história da cultura
brasileira. A sua obra reflete um intelectual interessado por diversas
áreas do conhecimento e um historiador interessado em se comunicar com um
grande público, por isso escreve frequentemente na imprensa, nacional e
estrangeira.
Entre sua principais publicações
editoriais podemos destacar:
·
Robert Mandrou - Magistrados
e feiticeiros na França do século XVII (tradução). São Paulo,
Perspectiva, 1979.
·
A Revolta da Vacina, mentes insanas em corpos
rebeldes. São Paulo, Brasiliense, 1983; Scipione, 1993.
·
Lewis Carrol - Alice no país
das maravilhas (tradução). São Paulo, Scipione, 1986.
·
Literatura como missão: tensões sociais e
criação cultural na I República. São Paulo, Brasiliense, 4.a ed.,
1995.
·
O Renascimento. São Paulo/Campinas,
Atual/ Ed.da UNICAMP, 21.a ed., 1995. - Primeira Página, Folha de São
Paulo, 1925-1985, São Paulo, Gráfica da Folha de S. Paulo, 1995.
·
Arte Moderna: os desencontros de dois
continentes. São Paulo, Fundação Memorial da América Latina,
Coleção Memo, Secretaria de Estado da Cultura, 1995.
·
A corrida para o século xxi: no loop da montanha-russa.
São paulo: Companhia das Letras, 2001.
·
História da Vida Privada no Brasil: da Belle
èpoque à era do rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
ALGUNS
PRÊMIOS E TITULOS
·
2010 Prêmio FNLIJ Monteiro Lobato - Melhor
tradução para criança - Alice no Pais das Maravilhas, Fundação Nacional do
Livro Infantil e Juvenil.
·
2000 Prêmio Oliveira Martins, União Brasileira
de Escritores.
·
1999 Prêmio Clio de História, Academia
Paulistana de História.
·
1998 Prêmio Manoel Bonfim, Governo do Distrito
Federal.
·
1998 Prêmio Jabuti, Câmara Brasileira do Livro.
·
1995 Ranking dos 200 nomes capitais do Brasil,
Carta Editorial.
·
1985 Ranking Abril Cultural de Novos Talentos -
Educação, Editora Abril.
·
1983 Prêmio Moinho Santista Juventude - História
do Brasil, Fundação Moinho Santista.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
*Morais, J.Geraldo; Rego, José Marcio. Conversas com
historiadores brasileiros. São Paulo: Editora 34, 2002.
www.companhiadasletras.com.br
www.revistadehistoria.com.br/secao/entrevista/nicolau-sevcenko
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?metodo=apresentar&id=K4783996E4
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