Era uma bela tarde carioca em 04 de outubro de 1974. O Maracanã,
conhecido como o templo do futebol mundial, estava repleto de pessoas dos mais
variados credos e classes sociais que aguardavam para escutar um pregador vindo
de muito longe e que não cobrava um só centavo para proclamar sua mensagem. Seu
nome era Billy Graham, o maior evangelista da história. Sentados ou em pé todos
ali (incluindo o então presidente da república Ernesto Geisel) estavam prestes
a ouvir uma pregação cujo título era “O carnaval da Morte”. Billy Graham, com a
ajuda do renomado interprete Walter Kaschel, levou uma mensagem que não visava
massagear o ego dos ouvintes , mas sim
tratar das consequencias do pecado e da necessidade de arrependimento e
transformação de vida de todos que estavam à escuta-lo. Houve centenas de conversões genuínas naquela
tarde. No dia seguinte o maracanã encheu
como nunca, abrigando quase 250 mil pessoas. Isso tudo, como falei, sem envolver a cobrança de um centavo sequer à
multidão.
João Pessoa, 2019. O maior
teatro da cidade recebe um outro pregador. Só que, diferente de Billy Graham,
para ouvi-lo precisamos desembolsar o valor de um ingresso que pode chegar a 100 reais. Sua mensagem, de cunho antropocêntrico e de autoajuda, massageia o ego dos ouvintes
e apresenta um pseudo-Jesus “ao gosto do freguês” que visa alimentar a
satisfação humana. Não é de impressionar
que os ingressos tenham vendido tão rapidamente.
É assustador o que muitos fizeram com o evangelho nestes
últimos tempos. Charles Spurgeon, Billy Graham, John Knox, Jonathan Edwards,
Paulo, Pedro… todos esses homens que marcaram a história do cristianismo jamais
cobraram para pregar e agora aparece essa nova moda de “evangelho do coaching”
onde todo um interesse mercantilista está envolvido fazendo pastores enricarem
a partir da fé aleia. E o pior é que
tais atrações vendem rápido, pois esse tipo de pregação é um verdadeiro
abastecimento emocional para uma geração que não abre mão de se dizer
religiosa, mas que anseia por uma mensagem afagante, humanista e motivacional.
Fico imaginando o que Jesus pensa de tudo isso. Desse evangelho
estilo auto-ajuda, onde palestrantes cujo discurso é recheado de palavras de
efeito, tentam misturar a bíblia com uma boa dose de psicologia de botequim.
Fico imaginando como Jesus vê todo essa mercantilização religiosa que fizeram a
partir de pregadores profissionais e youtubers.
Jesus certa vez disse “ o que de graça recebestes, de graça
dai” (Mt 10.8). Daí pergunto “qual o
porquê de tais cachês absurdos que tais homens cobram?”
A resposta podemos deixar com o apostolo Paulo : “Pois essas pessoas não estão servindo a Cristo, nosso Senhor, mas a
seus próprios apetites. Mediante palavras suaves e bajulação, enganam o coração
dos ingênuos”(Rm. 16.18).
Que estejamos de olhos bem abertos.
HELTON DE ASSIS
João Pessoa, 22/10/2019
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